Avenida da Liberdade

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O Terramoto de 1755 teve um efeito devastador em Lisboa. Para além do elevadíssimo número de morte e enfermidades subsequentes, deixou a cidade em ruínas e escombros, tendo dizimado casas, igrejas, palácios e outros edifícios de actualmente só existe a memória.
Neste contexto, em virtude dos esforços de reconstrução empreendidos pelo *Marquês de Pombal (1699-1782), foi integrado em 1785 no Plano Geral da cidade o projecto de construção do Passeio Público. Consistia num jardim cercado de muros com quinze janelas gradeadas de cada lado, concebido pelo arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos (1731-1791). Tratava-se de um espaço amplo, fluído e funcional totalmente orientado para o lazer da população lisboeta, estendendo-se do Rossio até à *Praça da Alegria. Apesar de ter sido inaugurado pelo Marquês de Pombal em 1764, mas ainda sujeito a melhoramentos, designadamente a instalação de um lago, uma fonte, um acesso para a *Praça da Alegria (entre 1835-1840), iluminação (1851), acabou por aberto definitivamente ao público em 1852.
Com o crescimento da cidade e seu respectivo alargamento para Norte, fruto do aumento da densidade populacional e consequente tráfego nas vias, surgiu a ideia de alargar o Passeio Público a São Sebastião, cristalizando a concepção de uma nova e moderna artéria em Lisboa.
Este tornou-se o grande sonho do Presidente da Câmara José Gregório da Rosa Araújo (1840-1893) pelo qual se debateu em reuniões de Câmara, já que a aprovação de tal empreendimento significaria a destruíção do Passeio Público, a que se se associariam inúmeras expropriações. O projecto foi aprovado entre 1877 e 1879, tendo ficado definido que o limite da expansão seria até onde actualmente se localiza a rotunda da *Praça do Marquês de Pombal.
Deste modo, o dia 24 de Agosto de 1879 assinalou o início dos trabalhos de demolição do Passeio Público. Muitas das expropriações, que se iniciaram em 1881, foram financiadas por Rosa Araújo, demonstrando toda a sua dedicação e envolvimento neste projecto, tendo também esta situação implicado a urbanização de novos bairros, designadamente o do *Conde Redondo, Camões e *Barata Salgueiro.
Em 1882 foi inaugurado o primeiro troço da nova Avenida da Liberdade, desenhada pelo Engenheiro Frederico Ressano Garcia (1847-1911), tendo a inauguração oficial ocorrido no dia 28 de Abril de 1886, em simultâneo com a inauguração da estatua dos Restauradores. Tendo 90 metros de largura por 1273 de comprimento, foi palco do desfile de casamento de D. Carlos (1863-1908) com D. Amélia de Orleães (1865-1951) no dia 25 de Maio desse ano.
Constitui ainda hoje um dos mais reputados e valiosos arruamentos de Lisboa, denotando o espírito visionário de Marquês de Pombal e de Rosa Araújo.
Designado Avenida da Liberdade pela Deliberação Camarária de 18 de Agosto de 1879, este arruamento inicia-se na Praça dos Restauradores e termina na Praça Marquês de Pombal.

Bibliografia
Araújo, Norberto de; Barata, Martins (1938). Peregrinações em Lisboa. Lisboa: Parceria A. M. Pereira;
Avenida da Liberdade. Departamento de Toponímia. Câmara Municipal de Lisboa
Avenida da Liberdade. Equipamentos. Câmara Municipal de Lisboa.
Jardins da Avenida da Liberdade. Sistema de Inventariação para o Património Arquitectónico.
Sequeira, Gustavo Matos de (1933). Depois do Terremoto. Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa. Coimbra: Imprensa da Universidade, vol. I.

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