Avenida Duque de Loulé

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Nuno José Severo de Mendonça Rolim de Moura Barreto (n. Lisboa, 6 Nov. 1804; m. 22 Jun. 1875). Nobre, político, 9.º Conde de Vale de Reis, 2.º Marquês e 1.º Duque de Loulé.

Filho de Agostinho Domingos José de Mendoça Rolim de Moura Barreto, 1.º Marquês de Loulé (1780-1824) e de Maria Margarida do Carmo de Lorena e Menezes (1781-1852), foi um dos expoentes do Liberalismo Radical, fazendo a ligação e simbolizando a transição entre o Antigo Regime e o Regime Liberal.

Foi aluno do Colégio Militar assentando praça em Cavalaria em 1820 e promovido a Alferes em 1821, servindo como ajudante de ordens do Infante D. Miguel então Comandante em Chefe do Exército. Em 1823 foi condecorado com uma venera e encartado Conde de Vale de Reis. Na sequência da morte de pai em 1824 o Rei D João VI (1767-1826) investiu-o Marquês de Loulé e Gentil-homem da Camâra Real.
Em 1828 ocorreu o seu escandaloso casamento com a Infanta D. Ana de Jesus Maria (1806-1857), filha do Rei e da Rainha D. Carlota Joaquina (1775-1830), que descia assim da sua dignidade de Infanta para se unir a um vassalo. Apesar de aprovado pelos reis, a cerimónia foi realizada em privado e os nubentes ausentaram-se em prudente viagem de núpcias pelas capitais europeias.

Na sequência do regresso de D. Miguel e do restabelecimento do Absolutismo, o Duque de Loulé associou-se aos liberais, surgindo em 1832 como ajudante de campo de D. Pedro IV, tendo participado no Desembarque no Mindelo com o exército liberal, e promovido a Tenente de Cavalaria nesse mesmo ano.
Posteriormente iniciou-se na liderança política ocupando por poucos meses os postos de Ministro dos Negócios Estrangeiros e também, interinamente, da Marinha em 1833, ano em que foi promovido a Capitão. Depois da vitória liberal, foi encarregue da missão de informar a Rainha D. Maria II (1819-1853) do triunfo e acompanha-la a Portugal.

Reocupando os seus cargos políticos por pouco tempo, rapidamente se afastou, por considerar que o Governo estava a ser demasiado clemente com os absolutistas, tendo-se associado nesse contexto ao Partido Progressista.
Em 1836 apoiou a Revolução de Setembro, tendo sido Deputado às Cortes Constituintes que promulgaram a Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1838. Foi nomeado Senador e mais tarde ajudante de campo do Duque da Terceira. Em 1843 participou na coligação setembrista-miguelista contra António Bernardo da Costa Cabral (1803-1889), tendo sido promovido a Major no ano seguinte.
Participou activamente na agitação revolucionária radical liberal dos anos subsequentes, apoiando a Junta do Porto, foi nomeado Governador Civil de Coimbra e foi um dos elementos obrigados a assinar a Convenção de Gramido, no dia 29 de Junho de 1847, capitulação da sua causa devida à intervenção de potências estrangeiras. O partido progressista tentou sem grande sucesso recuperar o terreno político sob a direcção de *José Estevão (1809-1862) e *Rodrigues Sampaio (1806-1882).

A vitória ocorreu em em 1851, no âmbito de uma tentativa de golpe de do Duque de Saldanha (1790-1876) antigo inimigo dos progressistas, que estava a falhar. No último momento, os progressistas resolvem apoiar o golpe e Saldanha, retribuiu, aliando-se e iniciando o Período da Regeneração que assegurou trinta anos de paz ao país.
A necessidade de oposição que alternasse com o Partido Regenerador para bom funcionamento dos princípios liberais leva Loulé a formar o Partido Histórico, tendo sido nomeado Presidente do Governo no dia 6 de Junho de 1856, cargo que ocupou até 1859 e que repetiu entre 1860 e 1865 e entre 1869 e 1870.
A morte de *D. Pedro V e do Infante Fernando em 1861 provocou tumultos descontrolados pela dor que a morte do popular e jovem monarca causou à população, circunstância que ocasionou boatos de que seria o próprio Loulé a envenenaar o Rei, com o intuito de colocar no trono o seu próprio filho de sangue real por parte da mãe.

A população enfurecida tentou massacrar todo o ministério, o que o obrigou a fugir para o quartel de marinha. No entanto, a sua grande popularidade permitiu-lhe ultrapassar esta situação.
Loulé expulsou posteriormente as irmãs francesas, da Ordem da Caridade do país, resolvendo uma polémica levantada pela entrada dessas religiosas que, de certa forma simbolizavam o renascimento das ordens religiosas combatidas pelo Liberalismo.
Deslocou-se em missão oficial a Turim em 1862, para ir buscar a futura rainha de Portugal, D. Maria Pia de Sabóia (1847-1911) e, seis anos depois foi reformado como General de Divisão e, tal como acima referido, regressou ao poder em 1869, tendo sido derrubado um ano depois na sequência de um golpe de Saldanha.
Em 1871 foi nomeado Presidente da Camâra dos Pares, cargo que resignou em virtude de intrigas políticas, terminando nesse ponto definitivamente a sua carreira.

Designado Avenida Duque de Loulé, por Deliberação Camarária de 4 de Dezembro de 1902 e respectivo Edital do Governo Civil do dia 11 de Dezembro do mesmo ano, este arruamento inicia-se na Praça José Fontana e termina da Praça Marquês de Pombal.

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