Avenida Engenheiro Duarte Pacheco

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Duarte José Pacheco (n. Loulé, 19 Abr. 1900; m. Setúbal, 15 Nov. 1943). Presidente da Câmara de Lisboa, Ministro das Obras Públicas, Engenheiro Electrotécnico, Professor Universitário

Filho de Maria do Carmo Pacheco e de José de Azevedo Pacheco, Comissário da Polícia e Secretário das Finanças. No seguimento da morte de sua mãe em 1906 e da transferência do seu pai no ano seguinte para a cidade da Horta (Açores), o seu irmão mais velho, Humberto Pacheco tomou a responsabilidade de encarregado de educação da família. Como o falecimento do seu pai no dia 2 de Janeiro de 1914, esse papel tornou-se definitivo, tendo sido definido que, entre os onze irmãos, a pequena herança beneficiaria apenas as raparigas.

Estudou no Algarve (em Loulé e em Faro) à conclusão do liceu, que concluiu, no no antigo 7.º ano com uma média de 19 valores. Em 1917 matriculou-se em Engenharia Electrotécnica no Instituto Superior Técnico, destacando-se pelo seu brilhantismo entre professores e colegas, a quem dava explicações, modo de vida que lhe garantiu a sua subsistência ao longo do seu percurso académico. Dois anos depois, alistou-se no Batalhão Académico, formado para combater os rebeldes monárquicos, tendo concluído o seu curso em 1923 com uma média final de 19 valores. Nos quatro anos seguintes, a sua ascensão é meteórica: a 8 de Outubro de 1925 foi nomeado professor interino da disciplina de Matemáticas Gerais; a 14 de Outubro de 1926 assumiu o cargo de professor ordinário no seguimento de uma proposta do Ministério do Comércio e Comunicações. No ano foi nomeado Director Interino do Instituto Superior Técnico, passando a efectivo (também por Depacho Ministerial) no dia 10 de Agosto de 1927. Ainda nesse ano, apresentou o anteprojecto para a construção do novo edifício do Instituto Superior Técnico no Arco do Cego, cujas novas instalações – o primeiro campus universitário em Portugal – iniciaram o seu funcionamento sem qualquer abertura no ano lectivo de 1936/37.

A sua carreira política iniciou-se no dia 19 de Abril de 1928, aquando da sua nomeação para Ministro da Instrução Pública, tendo-se mantido nesse cargo durante apenas sete meses, após os quais retornou às docentes no Instituto Superior Técnico até 5 de Julho de 1932, data em que foi nomeado Ministro das Obras Públicas e Comunicações. No dia 29 de Junho de 1933 foi agraciado com com o grau de Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. No entanto, fruto de pressões externas, abandonou o cargo no dia 18 de Janeiro de 1936 para retornar à Direcção do Instituto Superior Técnico, que ocupou até 1938. A 1 de Janeiro desse ano, assumiu a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa, tendo acumulado esta posição com a de Ministro das Obras Públicas e Comunicações a partir de 25 de Maio, cargo que lhe permitiu a concretização do plano de urbanização de Lisboa, garantido em parte pelas pressões impostas pela necessidade de cumprimento da Exposição do Mundo Português.

Dois anos depois, no dia 9 de Dezembro foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada.

No dia 15 de Novembro de 1943 saiu de Lisboa pela manhã com destino a Vila Viçosa tendo na sua agenda o acompanhamento das obras de execução da estátua de D. João IV, tendo que retornar ainda nesse dia para estar presente numa reunião do Conselho de Ministros. Entre Montemor-o-Novo e Vendas Novas, na Cova do Lagarto, o veículo oficial que o conduzia despistou-se a alta velocidade, tendo embatido num sobreiro, acidente ao qual não sobreviveu, tendo falecido com apenas 43 anos na madrugada do dia seguinte no Hospital de Setúbal.

De entre a sua prolífica obra, dever-se-á salientar o Instituto Superior Técnico, o abastecimento de água à cidade, o Instituto Nacional de Estatística, o Estádio Nacional, os Bairros de Casas Económicas, a Emissora Nacional a Estação Marítima de Alcântara, a Casa da Moeda, o Parque Florestal de Monsanto, a Estrada Marginal Lisboa-Cascais, a Auto-Estrada, as Avenidas Novas, a reintegração do Castelo de São Jorge, as Comemorações Centenárias, a adaptação e ampliação da Assembleia Nacional, a Estação Fluvial de Belém, a ampliação do Museu de Arte Antiga, o Aeroporto de Lisboa, o Mercado de Arroios, a Fábrica de Gás da Matinha, o (actual) Viaduto Duarte Pacheco, o Hospital Escolar Santa Maria, a realização de exposições e de espectáculos culturais, a publicação de obras de interesse Olisiponense, entre muitos outros exemplos.

Designado Avenida Engenheiro Duarte Pacheco, este arruamento inicia-se na Rua de Artilharia Um e termina na Auto-Estrada para Cascais por Edital do Governo Civil de 22 de Junho de 1948.

Bibliografia

Almeida, Maria Antónia de Figueiredo Pires de (1996). “Duarte Pacheco: uma Biografia” in Al-ulyã. Revista do Arquivo Histórico Municipal de Loulé, n.º 5, pp. 175-215

AAVV (1993). Evocar Duarte Pacheco no Cinquentenário da Sua Morte. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa / Gabinete de Estudos Olisiponenses;

Ferreira, Vitor Matias (1987) A Cidade de Lisboa: De Capital do Império a Centro da Metrópole. Lisboa: Publicações Dom Quixote;

Gameiro, Maria Eugénia Ribeiro Ferreira (1983). Trabalho de Biblioteconomia - Doação Duarte Pacheco. Coimbra: Universidade de Coimbra;

Revista Municipal. Lisboa. Ano 1944 (Número Especial).

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