Calçada do Moinho de Vento

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Não sendo exacta a datação original desta designação, este arruamento é mencionado na Descripção Corographica das Parrochias da cidade de Lisboa em 1770 como Moinho de Vento ou “Calsada do Moinho de Vento na Freguesia de Nossa Senhora da Pena.
Segundo Pero Nunes Tinoco, arquitecto que levou a cabo as medições e o roteiro do projecto do *Aqueduto das Águas Livres no século XVII, toda a gigantesca obra iria atravessar os terrenos lavradios até os moinhos de vento.

O imaginário dos moinhos de vento espraia-se portanto  por toda a cidade de Lisboa, considerando obviamente as suas zonas de maior elevação no que respeita à sua caracterização topográfica, de que é exemplo, no caso da Freguesia de Santo António, a actual *Rua D. Pedro V teve como anterior designação Rua do Moinho de Vento. Acerca deste arruamento, tal como descrito por Gustavo de Matos Sequeira:
“dava ensejo a que os alfacinhas fantasiosos se aprouvessem em idear o escalvado do sítio, povoado de laboriosos moinhos que gemiam ao sôpro forte do vento, nas cristas do outeiro. Os moinhos acabaram. Já lá vai na voragem municipal o nome que os perpetuava. Só o vento, protestando contra os decretos camarários e em nome do bom senso, continua soprando rijo, como que dizendo: acabem comigo, se são capazes”.

Outro exemplo será uma quinta situada em Campolide onde se situava a Capela de Manuel Dias Leite, na qual, após a sua aquisição pelos
Jesuítas no dia 13 de Janeiro de 1717, foram construídas atafonas (moinhos manuais ou movidos por tracção animal) e moinhos de vento. Num relato do Padre Luís Cardoso é possível confirmar esta informação:
“ha n''esta parte hunia boa quinta que é dos padres de Companhia. Tem lagar de azeite e moinhos de vento (o que prefaz 20 que ha n'este sitio) afora muitas azenhas de trez rodas cada uma”
A quinta, administrada pelo Juízo da Inconfidência aquando da governação do *Marquês de Pombal, traduzia-se numa importante fonte rendimento, graças aos equipamentos atrás descritos, visto que permitiam o fabrico de farinhas fornecidas às numerosas padarias de São Sebastião da Pedreira. Os relatos do Padre Luís Cardoso assim o demonstram: “... um moinho e muitas azenhas de trez rodas cada uma em que se fazem as muitas farinhas para as padeiras cozerem pão porque o mais trato tem que muita parte das mulheres desta freguezia he amassarem pão para irem vender fora desta freguesia”.

No que a este a arruamento específico diz respeito, tal como na introdução foi referido, não existe informação cabal. Porém, embora não não se tratando de um dado validade, existirá um processo da Inquisição datado de 1594, no qual surge uma menção a um moinho de vento na encosta do Campo Santana.
A Calçada do Moinho de Vento está incluída num espaço considerado como imóvel de interesse público tal como consta no Decreto n.º 2/96 de 6 de Março de 1996, promulgado pelo Ministério da Cultura no Diário da República.

Designado Calçada do Moinho de Vento, este arruamento, onde se situou a sede da Junta de Freguesia de São José, inicia-se no Campo dos Mártires da Pátria e termina na Rua de Santo António.

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