Jardim Alfredo Keil

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Alfredo Cristiano Keil (n. Lisboa, 3 Jul. 1850; m. Hamburgo, 4 Out. 1907) Compositor, pintor e poeta.

Filho de Maria Josefina Stellflug Keil (m. 1905) e de Johann Cristian Keil (1820-1890), conhecido como o “alfaiate” residente em Portugal desde 1838, dono de uma alfaitaria de que eram clientes a família real e a alta sociedade portuguesa.
Estudou no Colégio Britânico situado na rua de *São Filipe Néri, denotando especial apetência para a música e para a pintura. Com apenas 12 anos, compôs uma peça para piano intitulada Pensée Musicale. Entre 1869 e 1970 cursou na Academia Real de Belas Artes de Nuremberga sob a influência dos pintores August von Kreling (1819-1876) e Wilhelm von Kaulbach (1805-1874).

Regressou a Portugal em 1870, tendo prosseguido durante os dois anos subsequentes o estudo de desenho com os professores da Academia Real de Belas Artes, Joaquim Gregório Nunes (1833-1907) e Miguel Ângelo Lupi (1826-1883), bem como música com Augusto Ferreira Ernesto Vieira (1848-1915), proeminente musicólogo e compositor autor de manuais utilizados ao longo de todo o século XX e com o pianista húngaro Oscár de la Cinna (1836-1906), que na altura habitava em Portugal. Em 1876, casou com Cleyde Maria Margarida Cinatti.
Dois anos depois, obteve uma menção honrosa com o quadro Melancolia na 7.ª Exposição Universal de Paris, e ganhou a medalha de ouro dois anos depois, na Exposição do Rio de Janeiro.

A década de 1880 foi prolífica no que concerne à sua produção artística, bem no que respeita ao seu reconhecimento nacional e internacional. Em 1882 editou álbum de Douze mélodies para piano, tendo-se estrado como compositor com a ópera cómica Susana, em Lisboa, um ano depois.
Em 1884 iniciou a colaboração com a recém-fundada Real Academia de Amadores de Música, tendo a sua cantata Pátria! sido a obra que estreou o primeiro concerto da orquestra e do coro desta instituição, dirigido no dia 6 de Junho desse ano pelo seu fundador, o maestro Filipe Duarte (1855-1928), no Coliseu dos Recreios de Lisboa. No ano seguinte, o seu poema sinfónico Uma caçada na corte, executado por esta academia no Salão da Trindade.

Um ano depois, foi galardoado com duas medalhas de bronze pela Sociedade Promotora de Belas Artes (fundada em 1860), tendo sido esta primeira vez que expôs as suas obras na exposição dessa instituição.
Em 1886, foi premiado com duas medalhas de prata pela mesma Sociedade, pelos quadros A sesta e A meditação, bem como foi distinguido com a Ordem de Carlos III pelos quadros Pateo do Prior e Boa lâmina na Exposição de Arte de Madrid, tendo sido condecorado pelo rei D. Luís com a Ordem de Cristo. Nesse mesmo ano editou álbum piano Impressions poétiques. Um ano depois, editou a primeira ópera publicada com libreto português intitulada Serrana. Em 1888, estreou a ópera em quatro actos e prólogo Dona Branca no Teatro Nacional de São Carlos.
Detentor de um atelier na *Avenida da Liberdade, em 1890 promoveu neste espaço uma exposição com cerca de 300 quadros seus, tendo granjeado um claro sucesso traduzido pela venda da sua grande maioria a amadores portugueses e estrangeiros.

Porém, data deste ano a principal obra que o projectou no imaginário nacional: a composição da marcha patriótica A Portuguesa (Fevereiro de 1890), com a qual pretendeu expressar a indignação do país perante o Ultimato Inglês (11 de Janeiro de 1890). Com texto da autoria de Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931), esta embora tendo chegado a ser proibida pelo Governo, esta marcha viria a ser proclamada postumamente Hino Nacional da República em 19 de Junho 1911 pela Assembleia Constituinte.
No dia 4 de Janeiro de 1893, foi iniciado na Maçonaria, ano em que estreou a ópera em quatro actos Irene no Teatro Régio de Turim.
Na sequência de uma doença na garganta, faleceu em Hamburgo, cidade para onde se deslocou na tentativa de um tratamento especializado, no âmbito do qual sucumbiu na terceira intervenção cirúrgica.

O seu impacte na sociedade portuguesa cristalizou-se no dia do seu funeral, 23 de Outubro de 1907, no qual se fizeram representar o Conselho de Arte Nacional do Conservatório, a Sociedade de Geografia, a Academia de Belas Artes, a Academia de Amadores de Música, Empresa do Teatro D. Maria II, o Cardeal Patriarca, e.o.
A seu pedido, o seu corpo havia vindo de Hamburgo para Portugal no dia 22 de Outubro, tendo sido conduzido para a *Igreja de S. José. Foi sepultado no cemitério dos Prazeres rodeado de transeuntes ao som da marcha A morta, executada pela banda da Guarda Municipal.
Coleccionador de jóias e de instrumentos musicais antigos, o seu espólio musical (partituras, documentação, instrumentos musicais) encontra-se depositado no Museu da Música, constituindo um dos seus mais importantes fundos.

Foi agraciado com a comenda da ordem de S. Tiago, e o governo italiano concedeu-lhe a comenda da Coroa de Itália. Foi também membro da Associação dos Compositores de França, de que era presidente o maestro Charles Louis Ambroise Thomas (1811-1896), célebre compositor de ópera e também director do Conservatório de Paris.

Designado Jardim Alfredo Keil por Deliberação Camarária de 24 Maio de 1920 e no Edital do Governo Civil de 8 de Junho de 1925, este espaço situa-se na confluência da Rua da Alegria, Praça da Alegria e Travessa do Salitre. Antes desta atribuição, este local integrava a Praça da Alegria, onde existe busto de bronze, da autoria do escultor António Teixeira Lopes (1866-1942), inaugurado em 3 de Julho de 1957. O mesmo escultor criou ainda uma proposta para um monumento a Alfredo Keil depositado na Sala de Arte Sacra da Casa Museu Teixeira Lopes em Vila Nova de Gaia.

Obras
Música
Douze mélodies (1882);; As orientai (1884); Patrie (1884); Chanson do Nord: Romance sans paroles (1890); A Portuguesa (1890); Irene (1891); Carnaval intime (1895); Dance mauresque (1902).

Teatro musical

Susana (ópera cómica, 1882); Dona Branca (drama lírico, 1885-1888); Irene (drama lírico, 1891); Serrana (drama lírico, 1895-1898).

Pintura
A sesta (1876); Meditação (1876): À sahida da egreja (1880); Uma boa lamina (1880).

Literatura
Colecções e museus de arte em Lisboa; Opúsculo, Lisboa (1905).

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