Largo Hintze Ribeiro

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Ernesto Rodolfo Hintze Ribeiro (n. Ponta Delgada, 07 Nov. 1849; m. Lisboa 01 Ago. 1907). Político.

Licenciado em Direito na Universidade de Coimbra com 22 anos, dedicou-se à advocacia em Ponta Delgada até 1877, ano em que fixou em Lisboa. Membro do Partido Regenerador dirigido por *Fontes Pereira de Melo, foi deputado em 1878. A partir de 1881, ocupou vários ministérios em governos do Partido Regenerador dirigidos por Fontes e António de Serpa Pimentel (1825-1900), designadamente Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Negócios Estrangeiros e da Fazenda. Par do reino em 1886, Conselheiro de Estado em 1891, foi Presidente do Conselho em 1893-1897, 1900-1904 e 1906-1906.

Sendo considerado um dos líderes duros do campo monárquico, foi duro mesmo com os rivais monárquicos, tendo levado a cabo alterações à Lei Eleitoral para beneficiar o seu partido e impedir a representação das minorias, tendo adoptado o método censitário de validação dos direitos eleitorais e o julgamento sumário e degredo para Timor dos anarquistas que nessa época atacavam a monarquia com métodos violentos.
Nos seus governos, Hintze Ribeiro tentou em vão salvar o regime monárquico do declive de decadência cada vez mais acentuado. Nesse esforço, inicialmente foi seu colaborador, depois temível rival e um dos responsáveis pela sua queda, João Franco (1855-1929), tendo o seu primeiro governo sido conhecido por Governo Hintze-Franco.

Franco fundou mais tarde um partido rival, o Centro Regenerador Liberal, para competir com o Partido Regenerador de Hintze. Na fase final, este esforço levou-o a extremos, antecipando de certa forma o que viria a ser a ditadura franquista que lhe sucedeu. Nesse sentido, ordenou uma carga policial excessivamente violenta sobre manifestantes republicanos aquando da chegada a Lisboa de Bernardino Machado (1851-1944).
Tentou também adiar as Cortes para contrariar a subida eleitoral de franquistas e republicanos. Em ambos os casos perdeu o apoio do Rei, figura que muito estimava com símbolo da Monarquia, que o preteriu a Franco.
Ao perder o apoio do Rei, Hintze demitiu-se acabando por ser substituído por Franco. Mais tarde o Rei concede ao novo Presidente do Conselho o que negou a Hintze: um governo sem as Cortes. Estes factos abalaram moralmente o político que, profundamente leal à pessoa do Rei, nunca chegou recuperar.

Viajou pelo estrangeiro e regressou à política, obstinando-se amargamente em atacar no Parlamento o seu sucessor. Morreu no funeral do seu amigo Conde de Casal Ribeiro.
Hintze Ribeiro foi reconhecido mesmo pelos adversários como uma das maiores figuras políticas e um dos grandes oradores do seu tempo. Constituiu um dos pioneiros no caminho para a autonomização das ilhas, pelo Decreto-Lei de 1895, que concedeu a possibilidade de autonomia dos Açores.

Designado Largo Hintze Ribeiro pelo Edital do Governo Civil de 20 de Abril de 1988, este arruamento localiza-se junto à Rua do Salitre.

Bibliografia

Lobato, Gervásio (1890). “O novo Ministério” in O Occidente, vol. XIII, n.º 401, 11 de Fevereiro de 1890;
Lobato, Gervásio (1890). “Hintze Ribeiro” in O Occidente, vol. XIII, n.º 404, 11 de Março de 1890;
s.d. (1907) “Hintze Ribeiro – A sua Morte, o seu Enterro” in Illustração Portuguesa, Lisboa, 12 de Agosto de 1907.

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