Largo Jean Monnet

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Após ter concluído o liceu aos 16 anos, o seu pai integrou-o no negócio da família – comercialização de conhaque – na sua empresa em Londres. Neste contexto, acumulou considerável experiência no que respeita no que concerne às esferas negocial, empresarial e interpessoal, tendo-se deslocado para inúmeros países em todo o mundo, grangeando evidente sucesso entre os seus pares.
Muito embora se tenha alistado nas forças armadas francesas em 1914, por questões de saúde não foi aceite. Mantendo a sua intenção de colaborar com o seu país, propôs uma série de medidas no sentido de melhorar e tornar mais eficiente a coordenação e o aprovisionamento de guerra com a aliada Inglaterra, tendo sido nomeado intermediário económico entre ambos os países pelo Presidente francês Raymond Poincaré (1860-1934).

O reconhecimento pelo seu desempenho consubstanciou-se na sua nomeação enquanto Secretário-Geral Adjunto da Liga das Nações em 1919 criada no âmbito do Tratado de Versalhes, assinado no dia 28 de Junho desse ano, documento que estipulava as condições de rendição dos países derrotados, bem como a união pacífica entre as nações de todo o mundo, no qual se previu a criação desta instituição.

No seguimento do falecimento do seu pai em 1923, retornou a Cognag para assumir a empresa da família, tendo conseguido inverter o seu estado de declínio. A partir daí dedicou-se exclusivamente ao campo da finança internacional, especificamente no que concernia ao trabalho de recuperação e reestruturação financeira, tendo cooperado nos esforços de estabilização das moedas da Roménia (1927) e da Polónia (1928), integrado um grupo de trabalho  no âmbito da criação do banco Bancamerica-Blair (São Francisco, 1929), do quai foi co-gestor, e contratado como consultor pelo presidente chinês Chiang Kai-shek (1887-1975) para a reorganização da rede ferroviária da China, onde viveu entre 1934 e 1936.

Em 1931 casou com a pintora italiana Silvia de Bondini (1907-1982), com quem viria a ter duas filhas, Anna (1931) e Lourdes (1941). Embora perturbada por questões legais associadas à impossibilidade legal de divórcio do seu primeiro marido (Francisco Giannini) e mesmo à custódia da sua primeira filha, esta relação perdurou, tendo constituído e sido reconhecida por quem conhecia o casal, como uma fonte de grande estabilidade para Jean Monnet.
Com o advento da Segunda Guerra Mundial, o Primeiro-Ministro francês
  Edouard Daladier (1884-1970) incumbiu-lhe a tarefa de adquirir um avião militar aos Estados Unidos, tendo sido enviado para Londres em Dezembro de 1939 como presidente de um comité que coordenava as capacidades de produção de ambos os países.

Em Agosto de 1940, foi deslocado para os Estados Unidos enquanto membro integrante do Conselho Britânico de Abastecimento no sentido de supervisionar a aquisição de material e de suprimentos de guerra. O trabalho que desenvolveu em Washington foi substancialmente reconhecido pelo presidente Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), de quem se tornou conselheiro, e a quem influenciou decisivamente na criação de um programa de produção armamento e de equipamento militar dedicado ao abastecimento dos aliados, ainda antes da participação dos próprios Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Neste contexto, em 1941, o Presidente Roosevelt assinou um acordo com o Primeiro Ministro Winton Churchill (1874-1965) do qual nasceu o Programa Vitória, que assinalou a entrada dos Estados Unidos no programa no esforço de guerra.

Em 1943, tornou-se membro do Comité Francês de Libertação Nacional, altura em que expressa pela primeira vez a sua visão de uma Europa federada e unida enquanto uma forma de manter um estado duradouro de paz. No ano seguinte, esteve envolvido na criação de um plano nacional de desenvolvimento e de modernização da economia francesa no âmbito da reconstrução do país no já próximo período de pós-guerra.

No dia 9 de Maio de 1950, foi proferida a “Declaração Shuman” pelo próprio Ministro dos Negócios Estrangeiros Francês Robert Shuman (1886-1963), a qual propunha que toda a produção franco-alemã de carvão e de aço estivesse sob a alçada de uma única entidade. Esta ideia partiu do esforço de Monnet no sentido da criação de uma Comunidade Europeia: se os recursos viessem a ser produzidos e partilhados por todos os países da Europa, as hipóteses de surgimento de novas guerras reduzir-se-iam drasticamente. E foi com base nesta declaração que se lançaram as pedras basilares para a concretização da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, no dia 18 de Abril de 1951, num acordo assinado em Paris pela Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e Holanda.

Desse modo, a Alemanha poderia vir a ser vista com um parceiro, travando-se definitivamente a sua tendência expansionista levada a cabo desde o início do século XX. Seis anos depois, assinaram-se em Roma os tratados (25 de Março de 1957) que instituíram a Comunidade Económica Europeia e a Comunidade Europeia da Energia Atómica, e entraram em vigor no dia 1 de Janeiro de 1958. Portugal e Espanha só viriam a integrar oficialmente este grupo em no dia 12 de Julho de 1985, durante a presidência de Jacques Delors (n. 1925).

Em 1966, recebeu a primeira edição do Prémio Robert Shuman da Universidade de Bona, tendo continuado, embora afastado de cargos oficiais, a escrever e a participar activamente na defesa da manutenção e do desenvolvimento da sua ideia de uma comunidade unida, sinérgica e promotora da paz entre nações absolutamente díspares no que respeita à sua cultura, dimensão e riqueza no seio do continente europeu.

Designado Largo Jean Monnet, por deliberação do Edital do Governo Civil de 20 de Abril de 1988. este arruamento situa-se na confluência das ruas Júlio César Machado e do Salitre.

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