Praça das Amoreiras

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Pedro de Alcântara Maria Fernando Miguel Rafael Gonzaga Xavier António Leopoldo Victor Francisco de Assis Julio Amélio de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança. Filho da Rainha D. Maria II (1819-1853) e de D. Fernando II (1816-1885), nasceu no Real Paço das Necessidades, onde foi baptizado no dia 1 de Outubro de 1837 pelo sétimo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Frei Patrício da Silva (1756-1840).

Cognominado de “O Esperançoso”, foi educado pela sua mãe e por preceptores, designadamente *Alexandre Herculano (1810-1877), que havia sido nomeado Director das Bibliotecas Reais da Ajuda e das Necessidades em 1839 por D. Maria II, cargo que conversaria até ao fim da sua vida. Era no Paço Real da Ajuda que D. Pedro V o visitava com regularidade e de quem se tornou próximo. A sua obra História de Portugal (1846) teve como finalidade a criação de instrumentos pedagógicos para o jovem príncipe, já que considerava que “o conhecimento da vida anterior de uma nação é o principal auxílio para se poder e saber usar, sem offensa dos bons princípios, do influxo que um rei de homens livres tem forçosamente nos destinos do seu paiz”.

Herculano descreve ainda na terceira edição desta obra a sua grande amizade e profunda admiração por D. Pedro V:
“Aquella alma, tão rica de abnegação de si, quanto o era para tudo o que padece, comprazia-se em fitar a vista em olhos que se não abaixassem diante dos seus, em encontrar na idéa alheia a resistência á propria idéa. Não tinha ciúme de uma sobernia superior à sua, a da razão, nem o humilhava a dignidade humana, que equivale no súbdito à magestade no rei. (...) não espero nem quero dos vivos nem agradecimento nem recompensa, supposto que estes volumes os merecessem ou valessem. Recompensa tive-a inteira no affecto da mais obre e mais pura alma que encontrei na terra.”

Com a morte de D. Maria II (n. 1834) em 15 de Novembro de 1853, a regência do Reino foi confiada a D. Fernando II por deliberação e confirmação das Cortes Gerais do dia 19 de Dezembro do mesmo ano, visto que, com apenas 16 anos, D. Pedro V era considerado menor. As suas palavras tornaram claro o desgosto com a perda da sua mãe: “Ai, minha querida mãe! Detesto o throno, que era onde tu te-sentavas. Para haver nele logar para mim, era mister perder-te Abomino a majestade que tão caro me-é vendida, a troco de minha adorada mãe” (D. Maria II viria a ser a designação oficial do Teatro Nacional, inaugurado no dia 13 de Abril de 1846).

Assim, em Maio de 1854, partiu com o seu irmão D. Luís I (1838-1889) para uma viagem educativa e lúdica por toda a Europa, designadamente a Inglaterra, Bélgica, Holanda, Prússia, Áustria, Gotha, onde o seu pai nascera, e França. No ano seguinte, para além dos países citados, visitaram também Itália (onde recebeu a bênção do Papa Pio IX [1792-1878]) e Suíça.
Ao completar o décimo oitavo aniversário no dia 16 de Setembro de 1856, já retornado a Lisboa, prestou juramento em sessão solene das Cortes, assumindo o trono, concebendo para a sua governação um reinado pacífico e progressista:
Antigo Bairro das Águas Livres

No dia 14 de Março de 1759 foi promulgado o alvará para a construção do Bairro das Águas Livres. Este projecto teve como objectivo primordial a criação de infraestruturas com a capacidade de instalação de teares de seda, bem como de habitações condignas para os trabalhadores da *Real Fábrica das Sedas. Segundo este documento, a fábrica não dispunha de teares suficientes que permitissem a graduação dos operários, mantendo-se desse modo aprendizes até serem considerados mestres. Concebido pelo próprio *Marquês de Pombal, este bairro visava o desenvolvimento da indústria de manufacturas justamente através da melhoria dos meios de produção (meios e objectos de trabalho) e das condições de vida dos trabalhadores (ou força de trabalho).

Dando preferência aos artífices das sedas de matrizes da Real Fábrica das Sedas, estas edificações tinham um tecto definido no que respeitava ao custo do seu arrendamento: nunca poderiam ultrapassar os quarenta e oito mil reis anuais.
O arquitecto encarregue do desenho da planta deste espaço foi também um dos responsáveis pela concepção e construção do *Aqueduto das Águas Livres – Engenheiro Carlos Mardel – por indicação do Marquês de Pombal, que também o nomeou Director e Inspector das obras deste bairro.
Tratava-se de uma filosofia de construção assente no alargamento das estruturas manufactureiras baseadas na difusão uma indústria de características privadas.

Deste modo, no dia 22 de Maio de 1759 foram lançados três despachos no sentido de formalizar o início deste processo de urbanização consubstanciado na construção de 60 casas, a cargo da direcção da Real Fábrica das Sedas. No seguimento do Terramoto de 1755, embora não integrando o processo de reconstrução da cidade de Lisboa, este projecto poder-se-ia considerar em linha com a reforma urbanística da cidade preconizada pelo Marquês de Pombal.

Neste contexto, todo o espectro urbano permitiria uma expansão da cidade para o Ocidente, aproveitando e seguindo as infraestruturas e monumentalidade do Aqueduto das Águas Livres, da *Mãe d´Água e do próprio *Largo do Rato, na altura ainda ladeados por grandes extensões de terreno (quintas, descampados, e.o.). E é justamente deste modo que surgiu a Praça das Águas Livres, actualmente denominada por Jardim das Amoreiras. Este foi o enquadramento ideal para a criação deste novo espaço, já que era neste local que se situava o pórtico que demarcava um dos pontos terminais e monumentais do Aqueduto das Águas Livres.

As casas foram concluídas dez anos depois, no espaço em que, em 1771, o Marquês de Pombal plantou a primeira das 331 amoreiras que até 1863 ali permaneceram, tendo nesse ano sido substituídas pelo jardim ainda hoje existente.

Este acto simbólico pretendeu reforçar a temática do espaço, já que esta espécie, como é de conhecimento geral, é utilizada para a produção de bichos da seda, sendo portanto bastante adequado à lógica desta infraestrutura nesta área da cidade de Lisboa.
Esta plantação ocorreu igualmente a par do surgimento da Ermida de Nossa Senhora de Monserrate, patrocinada pela Irmandade de Nossa Senhora de Monserrate e pelos fabricantes das Fábricas do Rato e construída pela irmandade dos Fabricantes da Seda em 1787, justamente neste local.

Seguindo a tradição popular,  a identidade deste topónimo foi inspirada na flora local, sendo conhecido por Praça das Amoreiras pelo menos desde 1857, com base no Atlas da Carta de Lisboa de Filipe Folque. Este arruamento resultou da confluência da Rua das Amoreiras, da Rua João Penha e da Travessa da Légua da Póvoa.

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