Rua Camilo Castelo Branco

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Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (n. Lisboa, 16 Mar. 1825; m. São Miguel de Ceide (Famalicão), 1 Jun. 1890) Escritor, historiador, tradutor, romancista.

Filho de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco (1778-1835) e de Jacinta Rosa do Espírito Santo Ferreira (1799-1827), nasceu na Rua da Rosa, em Lisboa e foi baptizado na Igreja Paroquial dos Mártires no dia 14 de Abril de 1825, tendo como padrinho o Deputado por Vila Real José Camilo Ferreira Botelho. Foi registado como filho de mãe incógnita pelo facto de a sua mãe, filha de pescadores humildes, não descender de linhagens aristocráticas rurais. O apelido Castelo Branco não havia sido adoptado por Jacinta Rosa, já que não havia casado com Manuel Joaquim, por imposição familiar, tendo no entanto perfilhado Camilo e sua irmã Carolina Rita Botelho Castelo Branco, dois anos após a morte de Jacinta em 1827.

Iniciou os estudos primários em 1830, tendo perdido o seu pai cinco anos depois. Neste contexto, foi viver com a sua irmã para Vila Real, a cargo da tia paterna, Rita Emília. Integrado na vida rural, iniciou a sua vida amorosa em 1940 com uma camponesa da vila onde habitava. No ano seguinte, no dia 18 de Agosto de 1841, casou com Joaquina Pereira da França, de quem teve uma filha. Ambas faleceram em 1847 e 1848, respectivamente.
Durante este período frequentou a Escola Médico-Cirúrgica do Porto (1842-1845), passou por Coimbra (1846) para tentar ingressar em Direito, voltou a Vila Real, mas acabou por se fixar no Porto em 1848, decidido a continuar a carreira de Jornalismo, ano em que nasceu uma filha (Bernardina Amélia Castelo Branco, 1826-1885) de uma relação que mantinha com Patrícia Emília do Carmo Barros (1826-1885).

Em 1850 conheceu Ana Augusta Vieira Plácido (n.1832), noiva do comerciante Manuel Pinheiro Alves (1807-1863), por quem desenvolveu uma fortíssima paixão. No entanto, na sequência do casamento de ambos, e decidiu enveredar pela vida espiritual, matriculando-se no Seminário da Diocese do Porto, onde conheceu uma freira, Isabel Cândida, a quem entregou a sua filha. Desiludido com a vida clerical, abandonou o seminário e retomou a vida boémia por entre cafés, teatros e salões portuenses, e recuperando a sua vida enquanto jornalista.
Nunca tendo esquecido Ana Plácido, com ela encetou uma relação em adultério e juntos fugiram para Lisboa. Conhecido o escândalo, Manuel Pinheiro Alves colocou Ana Plácido em reclusão no Convento da Conceição de Braga em Julho de 1859, de onde fugiu para estar com Camilo.

Face a esta situação, foi instaurado um processo de adultério de que resultou a prisão de Ana Plácido na Cadeia da Relação do Porto e a subsequente perseguição a Camilo, que se refugiara entre o Milho e Trás-os-Montes, tendo acabado por se entregar em Novembro desse ano. Durante o seu cárcere, conheceu e tornou-se amigo do salteador Zé do Telhado que roubava burgueses e participava em revoltas políticas.
Concluído o processo, ambos foram absolvidos pelo juíz José Maria de Almeida Teixeira de Queirós (1820-1901), pai de *Eça de Queirós (1845-1900), por não terem existido provas de adultério consomado e porque a fuga foi feita com intenção das duas partes, não tendo havido por esse motivo um rapto.

Deste modo, foram para viver para Lisboa, onde nasceu o seu filho Jorge Camilo Plácido Castelo Branco (1863-1900), ano em que Manuel Pinheiro Alves faleceu, deixando por herança uma casa em São Miguel de Ceide ao seu filho (pretensamente também seria de Camilo) Manuel Plácido Alves (n. 1832). Foi para este locam que Ana Plácido e Camilo se mudaram em 1864, local onde nasceu mais um filho, Nuno Plácido de Castelo Branco (1864-1896). Para sustentar a sua família, Camilo dedicou-se fervorosamente à escrita nos 25 anos seguintes, escrevendo entre 1851 e 1890 mais de 260 obras, tendo por isso sido um dos, senão mesmo o escritor mais publicado de sempre.

Trabalhando continuamente longe de Lisboa, foi assistindo à degradação dos seus filhos: Manuel, que após um empreendimento comercial falhado aventura comercial Angola, sucumbiu aos excessos da vida de boémia e morreu prematuramente em 1877; Nuno, rendeu-se aos vícios do jogo e a escândalos conjugais e Jorge, que padeceu de um estado de demência irrecuperável.

No dia 9 de Março de 1888 casou com Ana Plácido, altura em que já estava totalmente imerso num espírito trágico e deprimido, a viver uma relação extremamente desgastada. Dois anos depois, já cego e por isso impossibilitado de escrever, entrou numa espiral de instabilidade psíquica e, convencido estar a caminho da demência, suicidou-se com um tiro de revólver.
A sua casa em S. Miguel de Seide, contruída nos anos 1830, é actualmente o Museu Camiliano, no dia 1 de Junho de 2005 foram inauguradas as novas instalações contíguas a esta casa – Centro de Estudos Camilianos – concebidas pelo Arquitecto Álvaro Siza Vieira (n. 1933).

Designado Rua Camilo Castelo Branco, este arruamento tem início em Rua Alexandre Herculano e termina na Avenida Fontes Pereira de Melo, por deliberação no Deliberação Camarária de 24 Julho de 1890.


Obras
A Filha do Arcediago (1855); Onde Está a Felicidade? (1856); Vingança (1858); O Romance de um Homem Rico (1861); Amor de Perdição (1862); Memórias do Cárcere (1862); O Bem e o Mal (1863); A Queda dum Anjo (1865); O Judeu (1866); A Mulher Fatal (1870); O Regicida (1874); A Corja (1880); Maria da Fonte (1885), e.o.

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