Rua de São José

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Ermida de São José dos Carpinteiros

O local em que encontra este arruamento era designado no século XVI por Entre-as-hortas, situado na zona de Valverde.
No dia 15 de Maio de 1545, parte deste terreno, que era caracterizado pela existência de quintas, hortas e olivais, foi doada à Irmandade de São José dos Carpinteiros que havia sido fundada em 1532 e se encontrava estabelecida na Igreja de Santa Justa e Santa Rufina. Através de um licenciamento concedido pelo Arcebispo de Lisboa, D. Fernando de Vasconcelos e Meneses no dia 5 de Junho de 1545, foi nesse espaço a ermida de São José d’entre as Hortas, também conhecida por ermida de São José dos Carpinteiros, para onde a confraria de mudou. Na época, o arruamento ali criado foi designado de justamente de São José Entre as Hortas.

No dia 20 de Novembro de 1567, o Cardeal D. Henrique (1512-1580), futuro Rei de Portugal), instituiu nesta igreja uma nova paróquia, retirando território à freguesia de Santa Justa nesta nova divisão administrativa. A nova freguesia estendia-se até *Vale do Pereiro. Em 1584, estes terrenos bucólicos eram referidos pelo padre Duarte de Sande, sacerdote jesuída da Casa de São Roque, ao descrever uma das suas ruas:

“Uma rua muito extensa, cujas casas mais de aparencia campestre do que urbana, ostentam rara magnificência em razão das hortas ameníssimas e quintas deliciosíssimas que muitos fidalgos edificam naqueles sítios por estarem desembaraçados e livres de casaria que há de portas a dentro da cidade.”

No século seguinte foram feitas obras de ampliação no edifício, cuja fachada foi destruída pelo Terramoto de 1755. Na sequência desta catástrofe que assolou Lisboa, a freguesia passou a operar interinamente num abarracamento situado no Campo da Horta (entre a actual Rua de São José e a Avenida da Liberdade) até 22 de Junho de 1757, data em que voltou a ocupar a igreja já reconstruída e ampliada por mestre-pedreiro Caetano Tomás.

No dia 25 de Maio de 1765, a freguesia de São José comprou um  terreno próximo da ermida, situado no *Largo da Anunciada, à comunidade das Freiras Religiosas Dominicanas da Anunciada, ali instaladas desde 1539 num mosteiro que não resistiu ao impacte do terramoto. Porém foi necessária a passagem de mais um século para que freguesia se transferisse para a nova igreja erigida neste local, benzida no dia 12 de Agosto de 1883 e aberta ao culto no dia 15 do mesmo mês, constituindo desse modo a nova sede paroquial de São José.

Com a Implantação da República (1910), a toponímia foi alvo de alterações, dado o seu carácter simbólico e histórico associado à Monarquia e à Religião. Deste modo, por Edital de 18 de Outubro de 1913, este arruamento foi renomeado para Rua Alves Correia. Tratava-se do farmacêutico e mais tarde jornalista Alves Narciso Rebelo Alves Correia (1861-1900), fervoroso defensor do ideário republicano através de textos contundentes nos periódicos Folha do Povo, O Século, Os Debates e A Vanguarda. Escreveu igualmente no jornal O País, de que foi fundador em 1895 até à sua morte.

Já em pleno regime do Estado Novo (1933), o arruamento recuperou o seu topónimo anterior, por via do Edital de 28 de Maio de 1956, concretizando os recorrentes pedidos que a Junta de Freguesia de São José e a Comissão Concelhia da União Nacional tinham vindo a solicitar desde 1948.

Designado Rua de São José, este arruamento inicia-se no Largo da Anunciada, terminando da Rua de Santa Marta.

Bibliografia

Vieira da Silva, Augusto (1943) “Notícias históricas das freguesias de Lisboa” in Revista Municipal, n.º 16. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa;
Sequeira, Gustavo Matos de (1917). Depois do Terremoto. Subsídios dos bairros ocidentais de Lisboa. Vol. II. Lisboa: Academia das Sciências de Lisboa;

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