Rua Duque de Palmela

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Pedro  de Sousa e Holstein

Filho de D. Alexandre de Sousa Holstein (1751-1803), senhor da Casa dos Sousas, chamados do Calhariz, embaixador de Portugal nas cortes de Copenhaga, Turim, Roma e Berlim, e de D. Isabel Juliana de Sousa Coutinho (1753-1793), da Casa de Alva, depois Marquesa de Santa Iria.
Matriculado num colégio interno em Genebra aos dez anos, prosseguiu os seus estudos até à sua candidatura na Universidade de Coimbra, altura em que, seguindo a tradição familiar, impeliu-o alistar-se no exército, tendo assentado praça em 1796 no regimento de cavalaria, denominado de Mecklemburgo, tendo, um ano depois, sido promovido a Capitão e nomeado ajudante de ordens do Duque de Lafões.

Iniciou a carreira diplomática em Roma, em 1802, onde seu pai desempenhava o cargo de embaixador de Portugal, área em que demonstrava bastante experiência, considerando que o acompanhou em inúmeras missões desde muito novo. Deste modo, foi enviado para a Corte Pontifícia enquanto conselheiro de embaixada, tendo sido proposto pelo próprio pontífice para assumir o cargo do seu pai na sequência do seu falecimento em 1803. Contudo, o governo português não anuiu a esta sugestão, por o considerar ainda muito jovem, nomeando-o encarregado de negócios.

Regressou a Portugal em 1806, onde se dedicou à administração da Casa de Palmela até à primeira invasão francesa (1807), momento em que se ofereceu como voluntário a Sir Arthur Colley Wellesley (1769-1852) oficial inglês que dirigiu as operações anglo-portuguesas contra os exércitos franceses liderados pelo General Jean-Andoche Junot (1771-1813). Tendo na época a patente de Major, foi nomeado ajudante de ordens do Coronel Nicholas Trant (1769-1839) e encarregue em 1809 de organizar as milícias portuguesas.
No dia 4 de Julho de 1810 casou com D. Eugénia Francisca Maria Ana Júlia Felizarda Apolónia Xavier Teles da Gama, marquesa de Niza e de Cascais (1798-1848), que o acompanhou para Cádiz por designação do governo como ministro plenipotenciário onde, prestaram assistência às vítimas de uma epidemia de febre amarela, na altura instalada na região.

O seu desempenho foi recompensado pelo Príncipe-Regente D. João VI de Portugal (1767-1826) que,  em 1812 criou e atribuiu-lhe o título de Conde de Palmela através Decreto de 11 de Abril. Nesse mesmo ano foi nomeado embaixador em Londres, tendo representado Portugal três anos depois, no Congresso de Viena com os Condes de Oriola e de Porto Santo (Joaquim Lobo da Silveira e António Saldanha da Gama, respectivamente), bem como nas infrutíferas reuniões subsequentes no âmbito da anulação do Tratado de Badajoz e da devolução da cidade de Olivença.
Tendo regressado a Londres em 1816, foi nomeado Ministro dos Negócios Estrangeiros um ano depois, estabelecendo-se nesse contexto no Brasil em Outubro de 1820. No entanto, fruto da sua discórdia com a política defendida por D. João VI, que havia desconsiderado as suas orientações no sentido da harmonização dos movimentos liberais no Brasil, pediu a demissão do cargo, oficializada em 26 de Fevereiro de 1821, retornando a Portugal com o próprio Rei exactamente dois meses depois, de quem, apesar das suas divergências, era um dos seus mais próximos conselheiros.

Associado ao ideário liberal, as Cortes proibiram o seu desembarque em Portugal, obrigando-o a escolher um local para residir a pelo menos 20 léguas de Lisboa. Optou por Borba, onde se manteve com a sua mulher até 1823, ano em que retomou a pasta dos Negócios Estrangeiros após a Vilafrancada – insurreição do absolutista Infante D. Miguel de Portugal (1802-1866). Juntamente com o Conde de Subserra, foi encarregue por D. João VI de nomear uma comissão orientada para a elaboração de um projecto de Constituição, acto que entrou em linha de colisão com a Rainha Carlota Joaquina e o seu filho, o Infante D. Miguel.

Em sequencia da Abrilada, revolta política liderada por D. Miguel em 1824, foi preso no tendo sido solto após o seu exílio de,  encabeçando novamente o Ministérios dos Negócios Estrangeiros até 1825, ano em que voltou para Londres novamente como embaixador.
Em 1828 demitiu-se no contexto da coroação de D. Miguel enquanto rei absoluto de Portugal, dedicando-se a partir daí à causa liberal defendida pela Rainha D. Maria II (1819-1853) tendo integrado nesse mesmo ano a Belfastada, uma sublevação militar contra o regime miguelista a partir do Porto, que consistiu no desembarque dos exilados liberais oriundos de Inglaterra no navio a vapor designado Belfast, a bordo do qual voltaram ao ponto de origem após o falhanço desse empreendimento.
As suas acções foram recompensadas por D. Pedro que, através do Decreto de de Abril de1833 lhe conferiu o título de Duque de Palmela. Entre Agosto de 1834 (data da saída de D. Miguel do país) e a Revolução de Setembro de 1836 foi designado Presidente da Câmara dos Pares e do Conselho de Ministros do primeiro ministério do reinado da ainda muito jovem D. Maria II.

Na sequência da Revolução de Setembro exilou-se novamente em Londres, retomando mais uma vez o cargo de embaixador. Com a recuperação de mais um período de vigência da Carta Constitucional, no dia 7 de Fevereiro de 1842, assumiu a presidência do Conselho no governo de Costa Cabral, tendo-se depois afastado até 1846, altura em que foi nomeado por D. Maria II para presidir um novo ministério, apelidado de «do Entrudo» por ter durado apenas dois dias.
Até ao início de 1846 afastou-se da política activa para se dedicar aos negócios de família e para acompanhar a sua mulher numa longa viagem em Itália, cujo estado de saúde se encontrava em evidente deterioração.

Entre 1846 e 1847, a turbulência política gerada pela insurreição de Maria da Fonte e pela revolução da Junta do Porto, espoletaram uma guerra civil entre Cartistas (defensores da Carta Constitucional) e Setembristas (liberais radicais), precipitando a que se exilasse novamente, retornando após a assinatura da Convenção de Gramido em Valbom (Gondomar), na qual as forças espanholas e inglesas impuseram o fim das hostilidades.
O dia 20 de Abril de 1848 assinalou a morte da sua mulher, cujo impacte ocasionou a edição da obra Uma Memória Histórica da Duquesa de Palmela redigida por Almeida Garrett (1799-1854).

Até ao seu falecimento em 1850 manteve-se totalmente afastado da vida política, tendo permanecido na sua quinta no Lumiar, onde actualmente funciona o Museu Nacional do Teatro e da Dança.

Designado Rua Duque de Palmela, este arrumamento inicia-se na Rua Alexandre Herculano e termina da Rua Braamamp, pela Deliberação Camarária de 12 de Abril de 1885 e pelo Edital do Governo Civil de 19 de Abril de 1887.

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