Rua Eça de Queiroz

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José Maria de Eça de Queiroz (n. Póvoa do Varzim, 25 Nov. 1845; m. Paris, 16 Ago. 1900). Escritor, romancista.

Filho natural do magistrado José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz (1820-1901) e de Carolina Augusta Pereira de Eça (1826-1908), foi registado como filho de mãe incógnita, visto que o seu nascimento ocorreu antes do casamento dos seus pais, apenas celebrado quatro anos depois, no dia 3 de Setembro de 1849.
Viveu em Verdemilho com os seus avós paternos, o Conselheiro Joaquim José de Queirós (1774-1850, chefe do levantamento de 16 de Maio de 1828 contra o governo de El-Rei D. Miguel I) e Teodora Joaquina de Almeida, que faleceu no dia 3 de Novembro de 1855, altura em que os pais o internaram no Colégio da Lapa (Porto), dirigido por Joaquim da Costa Ramalho Ortigão, pai de Ramalho Ortigão (1836-1915), com quem edificou uma forte relação de amizade.
Após ter cumprido a escolaridade obrigatória, em Outubro de 1861 matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra, onde conheceu Teófilo Braga (1943-1924) em 1864 e Antero de Quental (1842-1891) em 1865.

No dia 22 de Julho de 1866 concluiu o Curso de Direito, tendo ido morar para Lisboa, numa casa dos pais, situada no Rossio, n.º 26, 4º andar, cidade onde se inscreveu como advogado no Supremo Tribunal de Justiça. Ao longo deste ano iniciou a publicação de folhetins no periódico Gazeta de Portugal (onde conheceu Jaime Batalha Reis (1847-1934) de quem se tornou muito próximo) e fundou um jornal bissemanário de oposição designado Distrito de Évora, cujo primeiro exemplar foi publicado no dia 6 de Janeiro de 1867, tendo abandonado a sua direcção seis meses depois.
No final de 1867, integrou o Cenáculo, uma tertúlia de intelectuais constituída por Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Jaime Batalha Reis, Augusto Fuschini (1843-1911), Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1845-1894), José Fontana (Giuseppe Silo Domenico Fontana, 1840-1876), Salomão Bensabat Saragga (1842-1900), entre outros. Neste âmbito criou com Antero de Quental e com Jaime Batalha Reis um personagem designado Carlos Fradique Mendes, Poeta Satânico, a partir do qual publicaram os seus primeiros versos no periódico Revolução de Setembro em 1869.

Nesse ano viajou ao Egipto, tendo assistido à inauguração do Canal do Suez, viagem que viria a inspirar algumas das suas obras, designadamente o Mistério da Estrada de Sintra (1870) e A Relíquia (1887). Ao regressar a Lisboa, publicou as crónicas dessa viagem no Diário de Notícias, intituladas De Port-Said a Suez, e foi nomeado Administrador Municipal do Concelho de Leiria, deslocação que o terá influenciado na escrita d’O Crime do Padre Amaro (1875), o primeiro romance realista português.
Em Setembro de 1870 ficou em primeiro lugar nas provas para Cônsul de 1.ª Classe no Ministério dos Negócios Estrangeiros. O mês de Maio do ano subsequente assinalou lançamento do primeiro número d’ As farpas: chronica mensal da politica das letras e dos costumes, uma publicação mensal que assinava com Ramalho Ortigão que, através do recurso à sátira, ironia e humor, procedia à crítica social, religiosa, política e cultural no que poderia ser apelidado de um tipo de jornalismo de ideias.

Este folhetim surgiu já durante as Conferências Democráticas do Casino Lisbonense (entre 22 de Março e 26 de Junho de 1871), um conjunto de sessões criadas com maior influência de Antero de Quental, e proferidas pelo seu grupo de congéneres, também conhecido pela Geração de 70, tendo a quarta conferência sido por si proferida e intitulada A Nova Literatura ou O Realismo como Expressão de Arte.
Em 1872 foi nomeado Cônsul de 1ª classe nas Antilhas espanholas, tendo permanecido em Havana durante dois anos, até ter sido transferido para o consulado de Newcastle, cidade onde concluiu a redacção da obra O primo Basílio em 1875 tendo vindo a ser publicado apenas três anos depois.
Foi durante esta estadia em Newcastle que experienciou os seus mais produtivos anos, local que escreveu alguns dos seus trabalhos de maior relevância, designadamente A Tragédia da Rua das Flores, O Mandarim, A Relíquia e Os Maias. Por outro lado, manteve uma intensa colaboração com periódicos e com revistas nacionais e internacionais.

Casou-se em 1886 com D. Emília de Castro Pamplona (1857-1934), filha de D. António Benedito Castro, 4.º Conde de Resende (1820-1865) no oratório particular da Quinta de Santo Ovídio no Porto. Conhecia-a desde a sua infância, visto que o irmão, Manuel Benedito de Castro Pamplona (1845-1907) era seu amigo e colega dos tempos do Colégio da Lapa. Seguiu-se um novo posto consular em Paris em 1888, ano em que a sua obra Os Maias foi publicada. Neste mesmo ano, foi fundado o “grupo jantante” dos “Vencidos da Vida” que se reunia semanalmente no Café Tavares (Hotel Bragança) ou nas casas dos seus membros para a realização de tertúlias que contavam com a participação, entre outros, de Guerra Junqueiro, José Duarte Ramalho Ortigão, Joaquim Pedro de Oliveira Martins (1846-1894) e Carlos Félix de Lima Mayer (1846-1910), grupo que representava a crescente incapacidade dos homens da Geração de 70 para mudar a vida política portuguesa. Queiróz juntou-se a estas tertúlias algum tempo após a sua formação.

Residindo então em Lisboa, continuou a sua prolífica carreira, escrevendo e publicado inúmeros romances e artigos até que adoeceu e partiu, por ordem médica para Paris, Riviera Francesa e ainda para os Alpes Suíços em busca de condições ambientais favoráveis à sua recuperação. Faleceu em 16 de Agosto de 1900, na sua casa de Paris.

Designado Rua Eça de Queiróz, este arruamento tem início em Avenida Duque de Loulé e termina na Rua Actor Tasso, por deliberação no Deliberação Camarária de 8 de Maio de 1913 e no Edital do Governo Civil do dia 16 de Maio do mesmo ano.

Obras
O Mistério da Estrada de Sintra (1870); O Crime do Padre Amaro (1875); A Tragédia da Rua das Flores (1877-78); A Capital (1877); O Primo Basílio (1878); O Mandarim (1879); A Relíquia (1887); Correspondência de Fradique Mendes (1987); Os Maias (1888); Uma Campanha Alegre (1889-91); A Ilustre Casa de Ramires (1896); Contos (1902); Prosas Bárbaras (1903); Cartas de Inglaterra (1905); Ecos de Paris (1905); Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907); Notas contemporâneas (1909); Últimas páginas (1912); Conde de Abranhos (1925); Alves & Companhia (1925); Correspondência (1925); O Egipto (1926); Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929); Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949).

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