Rua de Gustavo de Matos Sequeira

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Gustavo Adriano de Matos Sequeira (n. Lisboa, 9 Dez. 1880; m. Lisboa, 21 Ago. 1962) Jornalista, político, escritor, dramaturgo e olissipógrago.

Filho de Adelaide Margarida Ribeiro Franco de Matos e do Deputado e Par do Reino Joaquim Germano de Sequeira da Fonseca e Sousa (1827-1909), concluiu o Colégio Militar em 1896, ano em que se inscreveu na *Escola Politécnica e assentou praça no Regimento de Cavalaria 4. Três anos volvidos, inscreveu-se no Instituto Industrial e Comercial e no Curso Superior de Letras, tendo mais tarde iniciado contribuições para renomados periódicos como o jornal O Século (1921-1962) e as revistas O Ocidente e a Ilustração Portuguesa, incidindo sobre temáticas no âmbito da arte, teatro e arqueologia.

Embora com algumas disciplinas concluídas, desistiu do ensino universitário para concorrer ao lugar de terceiro aspirante das Alfândegas, em agosto de 1900, tendo não apenas conseguido essa posição, como também escalado hierarquicamente essa carreira: foi nomeado Sub-inspector em 1911, Chefe da Repartição Central da Alfândega de Lisboa em 1913, Sub-director em 1919, Chefe de Serviço em 1920 e membro do Conselho Disciplinar da Alfândega.

A par da sua carreira profissional, esteve igualmente envolvido nas lides políticas, tendo sido nomeado Chefe de Gabinete do Ministro das Finanças, Eng. Herculano Jorge Galhardo (1868-1944) e foi eleito vereador substituto da Câmara Municipal de Lisboa em 1915 e 1919, muito embora não tivesse tomado posse.

Por outro lado, esteve igualmente envolvido no sector institucional do mundo artístico, tendo sido nomeado em 1917 Comissário do Governo para o Teatro Nacional, cargo que voltaria a ocupar em 1926, durante dez anos.

Porém, em Dezembro de 1930, foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), acusado de permitir a entrada de armas estrangeiras em Portugal. Já em 1931, durante o cárcere, foi eleito Presidente do Sindicato dos Profissionais da Imprensa e para a Comissão da Propaganda da Aliança Republicana-Socialista. Acabou por ser libertado e ilibado de todas as acusações, tendo que, no entanto, ser exonerado de todos os cargos públicos que até então ocupava.

O seu contributo Olisipografia foi indelével. Foi um dos grandes promotores do Grupo de Amigos de Lisboa, conjuntamente com Norberto de Araújo (1889-1952) e com Luís Pastor de Macedo (1901-1971), associação da qual foi Vice-Presidente, Presidente e Director da sua publicação Olisipo. Foi autor de obras da mais absoluta referência para qualquer olisipógrafo ou interessado na temática Lisboeta. Publicações como Depois do Terramoto – Subsídios para a História dos bairros Ocidentais de Lisboa (4 volumes entre 1916 e 1934) e O Carmo e a Trindade (3 volumes entre 1939 e 1941) cristalizaram com exactidão uma Lisboa já maioritariamente desaparecida de cujo valor socio-histórico intrínseco é inestimável. Ainda neste contexto, redigiu a obra História do Palácio Nacional da Ajuda (1959), e.o.

Proferiu mais de uma centena de conferências sobre as mais variadas temáticas e colaborou e/ou organizou em exposições como Exposição Olisiponense, no Museu do Carmo (1914); reconstituição de um mercado do século XVII, no Largo de S. Domingos (1926); Exposição biblio-iconográfica de Lisboa, a reconstituição da Lisboa Antiga, na cerca do Convento das Francesinhas (1935); Exposição do Mundo Português (1940); Exposição do Terramoto de 1755 (1955). Destaque-se ainda a sua orientação na construção da maquete de Lisboa antes do Terramoto, concluída em 1958, ainda em exposição no Museu da Cidade.

Desempenhou igualmente um importante papel enquanto dramaturgo tendo escrito, em colaboração com destacados autores da época, textos para as mais famosas peças de teatro de revista, designadamente A Espiga (1912), Céu Azul (1914), Dominó (1915), Burro em pé (1920), Fox Trot (1926), Sete e Meio (1927, em colaboração com o seu filho Vasco de Matos Sequeira [1903-?]) e Viagem Maravilhosa (1934). A sua colaboração neste domínio teatral foi por todos os motivos lógica, visto que se trata o Teatro de Revista aborda criticamente a realidade e o quotidiano maioritariamente lisboeta, constituindo um excelente repositório histórico na actualidade.

Foi sócio e dirigente de várias associações culturais, entre as quais se poderão destacar a Associação dos Arqueólogos Portugueses (1907); Academia das Ciências de Lisbo (1923); Academia Nacional de Belas-Artes (1932); Comissão de Estética da Câmara Municipal de Lisboa (1934); Academia Portuguesa da História (1938).

De entre os vários prémios e distinções recebidos, poder-se-ão elencar a Medalha de Ouro de Mérito Municipal (1934); Comendador da Ordem de Santiago (1935); Comendador da Ordem de Cristo (1940) e o Prémio *Júlio de Castilho (1945 e 1955).

Faleceu com 81 anos, tendo o seu funeral sido realizado na Igreja de São Mamede e o seu corpo depositado no jazido de família no Cemitério dos Prazeres.

Designado Rua Gustavo Matos de Sequeira, este arruamento tem início em Rua do Monte Olivete e termina em Rua Tenente Raúl Cascais, por deliberação no Edital do Governo Civil de 22 de Janeiro de 1963.

Bibliografia

Santana, Francisco; Sucena, Eduardo (dir.) (1994). Dicionário de História de Lisboa. Lisboa: Carlos Quintas & Associados.
Santos, Mário Nuno de Matos Sequeira Berberan e (s.d.) Gustavo de Matos Sequeira: retrato de um olisipógrafo. [Dactilografado], Gabinete de Estudos Olisiponenses
L.A.S. (s.d.). Rua Gustavo de Matos Sequeira. Gabinete de Estudos Olisiponenses.
(s.n.) Gustavo de Matos Sequeira. Wikipedia [entrada confirmada como fonte credível]

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