Rua de João Penha

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João Penha de Oliveira Fortuna (n. Braga, 29 Abr. 1838; m. Braga, 9 Fev. 1919) Poeta, jurisconsulto, crítico literário.

Filho de José Joaquim Penha Fortuna e de Maria José Amália de Sousa, casal abastado e detentor de inúmeras propriedades na Póvoa do Lanhoso e em Sequeira (Braga). Teve neste contexto uma infância serena passada entre Braga, Viana do Castelo e Ribeira da Pena no seio de uma família integrada na awristocracia rural e  composta por mais oito irmãos.

Embora se tenha matriculado no Curso de Teologia da Universidade de Coimbra, foi na área do Direito que encontrou a sua vocação, tendo-se formado em 1873. Ao longo do seu percurso universitário era descrito como alguém inicialmente reservadoe extremamente dedicado à leitura.
Já devidamente integrado no meio académico, colaborou em jornais como A Liberdade, Revista de Coimbra, A Academia, O Povo e O Amigo do Estudo, tendo desenvolvido relações próximas de amizade com *Eça de Queiroz (1845-1900), Bernardino Luís Machado Guimarães (1851-1944), e com Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850-1923), António Cândido Gonçalves Crespo (1846-1883), acompanhando-os na vida boémia e participando nos debates ideológicos associados à Questão Coimbrã.

João Penha renovou a poesia, procurando o equilíbrio e a pureza da forma, em reacção aos excessos do ultra-romantismo.
É considerado um dos introdutores do Parnasianismo, corrente literária que procura a objectividade na poesia bem como uma perfeição formal, da métrica e da língua.

Entre 1868 e 1873 dirigiu o jornal literário A Folha, Microcosmo literário, que se publicou em Coimbra, e no qual se cruzavam tendências literárias associadas ao Realismo, Simbolismo e Parnasianismo, corrente a si associada enquanto um dos seus precursores. Durante este período tinha como colegas de redacção Guerra Junqueiro, António Cândido de Figueiredo (1846-1925), Gonçalves Crespo, Francisco Gomes de Amorim (1827-1891), José Simões Dias (1844-1899), e.o.
Regressou a Braga em 1873 onde assumiu o cargo de juiz ordinário do julgado da Sé dessa cidade (1874) e dirigiu a revista literária República das Letras (publicada no Porto), da qual se publicaram apenas três números (1875).

Em 1887 passou a exercer advocacia em Braga num escritório situado no Campo da Vinha, ao mesmo tempo que escrevia. Nunca deixou de escrever poesia e publicou várias obras, como Rimas, Viagem Por Terra Ao País Dos Sonhos, Novas Rimas, As Últimas Rimas e Ecos do Passado.

Nunca casou, mas teve um relacionamento amoroso com uma senhora espanhola a quem dedicou algumas poesias. Dessa relação nasceram dois filhos: um menino, de nome João de Oliveira Fortuna; e uma menina, que morreu por tuberculose.
A entrada no século XX não lhe trouxe sorte aos negócios com que contava desde criança para se sustentar: as propriedades que herdou do seu pai.

Morreu pobre, surdo e esquecido. A sua poesia comunga das concepções parnasianas, tendo muito contribuído para o rejuvenescimento do soneto em Portugal.
As suas finanças foram-se degradando progressivamente até ao ano da sua morte (1919).

Designada por Rua de João Penha por Deliberação Camarária de 27 de Abril de 1926 e no Edital do Governo Civil de 17 de Maio do mesmo ano, este arruamento teve como designações anteriores Travessa das Fábricas das Sedas ao Alto de São Francisco, Travessa das Fábricas das Sedas e Travessa do Alto de São Francisco. Inicia-se na Rua de Artilharia Um, terminando na Praça das Amoreiras.

Obras

Rimas (Lisboa, 1882)
Viagem por Terra ao País dos Sonhos (Porto, 1898)
Novas Rimas (Coimbra, 1905), Ecos do Passado (Porto, 1914)
Últimas Rimas (Porto, 1919), Canto do Cisne (Lisboa, 1923)

Prosa: Por Montes e Vales (Lisboa, 1899).

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