Rua Nova de São Mamede

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Igreja Paroquial de São Mamede / Igreja de São Mamede

Arrumamento assim designado por se encontrar nas proximidades da Igreja Paroquial de São Mamede.
Esta paróquia remonta ao século XIV, tendo a sua primeira igreja sido construída em 1312 no sopé do Castelo de São Jorge, que ficou totalmente destruído aquando do Terremoto de 1755. Desaparecido o edifício, a paróquia foi transferida para São Cristóvão e, sete anos depois, para São Patrício. Estas transições chegaram ao fim por via da Carta Régia de 18 de Dezembro de 1769, que definiu que a paróquia de São Mamede ficaria provisoriamente instalada na Ermida de Nossa Senhora Mãe dos Homens (fundada em 1749) no Vale do Pereiro até à definição dos limites do seu território, ocorrida em 1780.

Estabelecida a sua área de abrangência, em 1782 deu-se o início da construção da nova igreja, na qual, um ano depois, e ainda numa fase preliminar de sua edificação, foi considerada a sede da paróquia. Em 1780, os limites territoriais foram alterados, configurando-se praticamente na áreia que a Freguesia de São Mamede ocupava até à da Reorganização Administrativa de Lisboa de 2012, que a agregou com as antigas freguesias de S. José e de Coração de Jesus.
Entre 1834 e 1837, a igreja foi assaltada duas vezes e, em Abril de 1839, foi necessário proceder à demolição da casa de despacho da igreja, visto que estava em vias de desabamento. O telhado estava igualmente em mau estado. A intervenção teve início em 1840. Muito embora tenha aberto aos fieis no dia e 18 de Agosto de 1861, permaneceu ainda assim com as obras ainda por concluir.

Tratou-se de um extremamente processo moroso e dispendioso, que durou quase oitenta anos, e para o qual foi necessário constituir uma comissão paroquial para acelerar as obras (1846), obter um subsídio anual através do Marquês de Viana (1856) e vendidas as ruínas da Ermida de Nossa Senhora da Mãe dos Homens (1856), doações de paroquianos (como foi o caso de Jerónimo Maschatt em 1874), e.o.
Em 1903 e 1907, foram efectuados melhoramentos mo local, respectivamente, a arborização e o calcetamento do largo fronteiro à igreja.
No dia 26 de Maio de 1921, pelas quatro da madrugada, deflagrou um incêndio destruiu praticamente o edifício. De acordo com o testemunho do prior José da Silva Livramento, que habitava com a sua família no anexo da igreja, a causa do sinistro poderá ter sido uma vela acesa no altar-mor, junto da imagem de Nossa Senhora, por na altura estarem a decorrer as comemorações do mês de Maria.

Gerada a confusão, guarda nocturno, prior e paroquianos tentaram salvar os objectos de maior valor, auxiliados pelo Corpo de Bombeiros que entretanto havia acorrido ao local, mas que não conseguiu encontrar desde logo o acesso às bocas de incêndio. Os dois órgãos ficaram totalmente destruídos, mas conseguiram salvar-se sete imagens, o colar e os brincos de Nossa Senhora, não tendo sido possível resgatar a imagem do Senhor dos Passos por proibição do Comandante Baptista Ribeiro dos Bombeiros, já que aquela secção da igreja se encontrava em risco iminente de derrocada.
O incêndio foi extinto às oito da madrugada, tendo a fase de rescaldo terminado às 14 horas. Embora a igreja e a casa do prior estivessem cobertas por seguros, os valores do reembolso eram extremamente baixos.

Em 1924 iniciou-se uma substancial campanha direccionada para a reconstrução da igreja, composta por uma comissão de fundos e pela participação de D. Domingos de Sousa e Holstein Beck, 5.º Duque de Palmela (1897-1969), que financiou parcialmente a obra. O projecto foi concebido pelo arquitecto Raul Martins, tendo a nova capela, dedicada a Nossa Senhora de Fátima, sido inaugurada no dia 13 de Maio de 1927, ainda hoje existente na freguesia.

Anteriormente designado Travessa de São Mamede, este arruamento foi renomeado Rua Nova de São Mamede pelo Edital do Governo Civil de 5 de Abril de 1945, tendo o seu início no Largo de São Mamede e término na Rua do Salitre.

Bibliografia

AAVV (s.d.). Igreja Paroquial de São Mamede / Igreja de São Mamede. Sistema de Informação para o Património Arquitectónico – Convento de Santo António dos Capuchos;
AAVV (1950-1972). História dos mosteiros, conventos e casas religiosas de Lisboa na qual se dá notícia da fundação e fundadores das instituições religiosas. Lisboa: Câmara Municipal;
AAVV (1921). “A egreja de S. Mamede destruída por um violento incêndio” in A Capital, n.º 3791,11.º ano, Lisboa – Quinta-feira, 26 de Maio de 1921
Azevedo, Carlos de Moreira (dir.) (2000). Dicionário de História Religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores;
Macedo, Luís Pastor, Ficheiro Toponímico. Lisboa: Gabinete de Estudos Olisiponenses.

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