Travessa da Cruz do Torel

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João Caetano Thorel da Cunha Manuel (n. Lisboa, 1703). Desembargador.

A informação sobre a família Thorel é muito escassa. No entanto, poderá adiantar-se a seguinte biografia:
Filho de Joana Francisca da Cunha Manuel (n. 1678) e de Marcos António Thorel, que casaram no dia 4 de Abril de 1701 na Igreja de Santa Catarina, em Lisboa. Deste casamento nasceram Francisco António Thorel (1702), Cavaleiro da Ordem de Cristo, João Caetano Thorel da Cunha Manuel (1703), António José Thorel (1705), José Thorel (1706), Nicolau Joaquim Thorel da Cunha Manuel (1712), Bispo de Lamego entre 1771 e 1772, e os gémeos Ana e Joaquim Thorel (1718).

A sua ascendência paterna era natural de Rouen, França. O seu avô, António Thorel e o seu pai dedicavam-se a negócios de grande monta, tendo acumulado fortuna.
Completou o Bacharelato em Leis na Universidade de Coimbra e, tal como o seu irmão Francisco, foi ordenado com a Ordem de Cristo, existindo registos dessa habilitação na Torre do Tombo, datados de 3 de Setembro de 1723.
Foi nomeado Corregedor de Elvas em 1734, e do Bairro Alto em 1742.

Casou com D. Agostinha Antónia Henriques Melo e Castro em 1739, na Casa Paroquial da Encarnação, tendo sido pai de três filhos.
Ordenou a construção de um palácio nos terrenos onde actualmente se encontra no *Jardim do Torel nesta freguesia. Consistia num loteamento que se estendia pela encosta, uma quinta com origem no século XVII na qual, entre outras remodelações, foi construído um um tanque de forma oval e uma varanda com balaústre, ainda hoje existentes, bem como alguns painéis de azulejos.

Na sequência do Terramoto de 1755, que provavelmente destruiu por completo este edifício, foi criada uma instituição dedicada exclusivamente à condução do plano de reconstrução de Lisboa, na qual o *Marquês de Pombal se apoiou largamente: o tribunal da Casa da Suplicação, ao qual foram incumbidas as funções anteriormente tratadas pelo Senado da Câmara. Questões relacionadas com a ordenação das propriedades e dos terrenos, orientação dos trabalhos de remoção de entulhos e de ruínas, manutenção da segurança e ordem públicas (pessoas, ruas e edifícios) e inspecção das obras de reedificação constituíam o escopo desta instituição por via do Alvará de 12 de Junho de 1758). Deste modo, a administração dos bairros era dirigida pelos desembargadores, que tinham na sua dependência todas as autoridades administrativas e judiciais.

João Caetano Thorel pertenceu ao núcleo de desembargadores que mais relevo tinha nesta instituição, tendo assumido igualmente as funções de Superintendente das obras da Patriarcal e Corregedor do Cível da Corte.

Anteriormente designado Travessa da Cruz, este arruamento foi renomeado Travessa da Cruz do Torel pelo Edital do Governo Civil do dia 1 de Setembro de 1859, iniciando-se na Calçada do Lavra e terminando na Travessa do Torel.

Bibliografia

Araújo, Ana Cristina; Cardoso, José Luís; Monteiro, Nuno Gonçalo; Rossa, Walter; Serrão, José Vicente (orgs.). (2007). O Terramoto de 1755: Impactos Históricos. Lisboa: Livros Horizonte;
Castilho, Júlio de (1903). Lisboa Antiga. Lisboa: Antiga Casa Berrand – José Bastos;
Damas, (José 2016) Torel, um apelido que me parece ter ligações ancestrais com Gaspar Campelo. Blog terras Campelo. Post de 26 de Outubro de 2016;
Santana, Francisco (dir.) (1994). Dicionário da História de Lisboa. Lisboa: Carlos Quintas e Associados.

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