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O teatro voltou à Avenida da Liberdade
É com a voz embargada que José Manuel Pinto, de 80 anos, relembra as mais de cinco décadas que trabalhou como cenógrafo no Parque Mayer. “Isto estava sempre cheio Vinham camionetas cheias de gente de todo o país. No tempo do Vasco Morgado [avô do actual presidente da Freguesia de Santo António] até se faziam espectáculos em Agosto para os emigrantes puderem assistir à revista à portuguesa”, recorda. “Custa-me ver isto assim, em ruínas. À noite, até dá medo vir aqui”, afirma, enquanto entra, em passo lento, naquela que foi a sua segunda casas durante anos a fio
e conta história atrás de história sobre o Parque Mayer, que chegou a ser considerado a “Broadway à portuguesa”. Em memória desses tempos áureos, José Manuel fez questão de ir à Avenida da Liberdade no Dia Mundial do Teatro, que se assinalou esta sexta-feira, 27 de Março, ver a exposição “Revista ao Parque”, uma homenagem da Freguesia de Santo António às gentes do teatro. Quem passou junto ao Monumentos dos Combatentes da Grande Guerra entre as 11 horas e as 20 horas pôde experimentar adereços e rever cenários dos espectáculos que estiveram em exibição nos teatros ABC, Variedades, Capitólio e Maria Vitória, fazer uma pausa no Café dos Artistas e tirar uma selfie com os diversos actores e actrizes que por ali passaram, como Fernando Mendes, Vera Mónica e José Rodrigues, que ficaram sensibilizados com a homenagem que foi feita e com o carinho que receberam do público. Esta homenagem passou ainda por alterar os nomes de 140 ruas da Freguesia para nomes de gentes ligadas a esta arte tão portuguesa. “Este era um espaço muito bonito”, recorda Maria Lopes, de 77 anos, que ali assistiu a várias peças. “Acho muito justa esta homenagem, porque as pessoas do Parque Mayer estão muito esquecidas”. Celeste Monteiro, cujos pais iam todos os meses ao Parque, é uma acérrima defensora da revitalização do recinto. “Era uma mais-valia para a cidade”, sublinha. No dia 26 de Março, o presidente da Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, apresentou à Comissão de Cultura da Câmara de Lisboa o projecto que tem para o espaço. “Queremos transformar o Parque numa escola de artes no sentido lato, trazendo para aqui os conservatórios de música, de dança e de teatro, e manter três teatros. Investir na cultura em tempos de crise é uma boa forma de ultrapassar essa crise”, explicou. O investimento inicial, de acordo com Vasco Morgado, rondará os 70 milhões de euros. “O investimento não poderá ser de uma entidade só. Terá de se ir buscar dinheiro às verbas do casino, fundos estruturais europeus, a sponsers”, adianta. [cycloneslider id="dia-mundial-do-teatro"] Veja o nosso álbum de fotografias no Facebook