A alma do Povo no 1º Encontro de Artesão na Avenida

A alma do Povo no 1º Encontro de Artesão na Avenida

“O artesanato representa uma forma de estar um pouco oposta à sociedade mais mecânica, mais tecnológica e mais fria em que estamos: porque o trabalho dos artesãos, com as mãos, dá ao que ele produz alma - aquilo que a produção massiva não tem!”

As palavras são de José Almendra – um dos artesãos que, entre os dias 1 e 7 de maio, mostraram as suas peças na Avenida da Liberdade.

Das suas mãos saem cadernos ornamentados com capas em madeira, simplesmente, únicas e recheadas de alma, amor e dedicação.

Posto isto, na Avenida da Liberdade esteve exposto o que de melhor e mais original cada artesão tem para mostrar. Percorrendo as cerca de duas dezenas de postos de exibição, vemos a alma de cada artesão espelhada em: peças de joalharia/bijuteria; peças decorativas que nos remetem para a calçada portuguesa ou outros universos coloridos e cheios de estórias tão portuguesas; vestuário e peças em tecido adaptadas às necessidades tecnológicas dos novos tempos.

“Pedras da Leitura” era um dos projetos em exibição e, de acordo com Madalena Bensusan, “tem corrido lindamente, senão não existiria há 20 anos”.

Tanto para Madalena como para José Almendra, este oficio tornou-se a sua principal fonte de rendimento, apesar das vicissitudes porque passa o setor. Há que “sabermos nos mostrar e nos diferenciar e isso implica um trabalho árduo de promoção e de visibilidade”, garante a artesã.

Tratou-se do primeiro encontro, promovido pela Associação de Artesãos de Lisboa, com o apoio da Freguesia de Santo António. A Associação conta com 350 associados e o principal objetivo passa por mostrar que “nem tudo é artesanato, nem todos são artesãos”. “Há uma necessidade urgente de haver uma diferenciação entre o que é artesanato e o que são peças industrializadas vendidas em ditas feiras de artesanato”, reforça Paulo Gonçalves, presidente da Direção da entidade promotora do evento.

O balanço da semana de exposição foi positivo com um público vasto, como Henrique Casquinha. “Vim de propósito de Vila Franca de Xira a Lisboa para ver esta mostra e acho que é uma iniciativa louvável, boa para o público que assim tem acesso a peças únicas e bom para os artesãos que aqui dão a conhecer o seu trabalho”.