Rua dos Condes

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Este topónimo está associado a D. Fernando de Menezes (1614-1699) e D. Luís de Menezes (1632-1690), 2.º e 3.º Condes da Ericeira, habitantes do Palácio dos Condes da Ericeira, construído neste local em 1533.

D. Fernando e D. Luís de Menezes eram irmãos, considerados extremamente cultos para a sua época. D. Fernando de Menezes era o filho primogénito de D. Henrique de Menezes, 5.° senhor de Louriçal, e de D. Margarida de Lima, filha de João Gonçalves de Ataíde, o 4.° Conde de Atouguia. Aprendeu Matemática, Geometria e Arquitectura Militar com os padres Jesuítas, tendo seguido uma carreira militar, no âmbito da qual lhe foi atribuída a responsabilidade de fortificar os portos marítimos contra a invasão castelhana por D. João IV (1630-1645). Destacou-se nas batalhas do Montijo, Valverde e de Barcarrota, tendo sido nomeado Governador e Capitão-General de Tânger em 1656.

Casou com D. Leonor Filipa de Noronha, de quem teve uma filha, D. Joana Josefa de Menezes (1651-1709), que se casou com o tio, seu irmão D. Luís de Menezes. Este casamento ocorreu no dia 1 de Maio de 1666 com a finalidade de preservar o título nobiliárquico da família, visto que não existia um herdeiro. Apesar da diferença de 19 anos entre ambos, nasceram dois filhos, D. Francisco Xavier de Meneses (1673-1743), que assegurou a continuidade do título, tendo-se tornado o 4.º Conde da Ericeira, e D. Maria Madalena de Meneses (1676-1735), que não se casou.

D. Luis de Menezes combateu na batalha de São Miguel (1658), na batalha das Linhas de Elvas (1659), na batalha do Ameixial (1663) e na batalha de Montes Claros (1665), tendo sido nomeado Governador das Armas da Província de Trás-os-Montes em 1673.
Retornou a Lisboa em 1675 regressou a Lisboa, tendo sido nomeado Deputado da Junta dos Três Estados, o Conselho Régio que administrava o Exército, bem como Vedor da Fazenda da repartição dos Armazéns e Armadas, tendo apoiado a proibição  da aquisição e o uso de tecidos, chapéus, e outras peças de indumentária estrangeiros. Neste contexto, promoveu fortemente a produção nacional através do recurso a mestres artesãos estrangeiros, estabelecendo oficinas com teares de tecer panos no Fundão, na Covilhã, no Redondo e em Portalegre. Neste âmbito, fomentou a produção de seda através de plantações de amoreiras e da criação de bichos-da-seda em terrenos baldios e em hortas.

Suicidou-se em 1690, atirando-se da janela do seu Palácio situado neste arruamento. Este palácio havia sido mandado construir por Fernão Álvares de Andrade, fidalgo da casa real de El-Rei D. João III. Transitou para os Condes da Ericeira por via do casamento de D. Diogo de Menezes, 1.º Conde da Ericeira. De acordo com a informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Lisboa, o palácio tinha:
“(...) cento e vinte casas, dez pátios, uma fonte-cascata mandada executar em Roma, da autoria do escultor romano Bernini, uma livraria com 18.000 livros impressos, 1000 colecções de papéis vários, um livro de plantas e ervas iluminado de Mathias Carvime da Hungria, a História do Imperador Carlos V, cartas de marear dos primeiros exploradores portugueses e numerosos livros manuscritos. Dispunha de uma colecção de mais de duzentas pinturas, incluindo quadros de Ticiano, Correggio e Rubens decorando quatro salões do andar nobre. Acedia-se ao andar nobre por uma opulenta escadaria. Era uma residência verdadeiramente principesca, com numerosos compartimentos mobilados luxuosamente. A entrada era sumptuosa, os jardins extraordinários, com várias fontes de mármore e grutas revestidas de plantas. Tinha dois pátios internos e as suas cavalariças eram enormes e apetrechadas com o melhor equipamento hípico da época.”

Na sequência do suicídio de D. Luís de Menezes no dia 26 de Maio de 1690, a família Ericeira mudou-se para o Palácio do Cunhal das Bolas, abandonando este palácio, que acabou por ser totalmente destruído pelo Terramoto de 1755.

Designado Rua dos Condes, este arruamento inicia-se na Rua das Portas de Santo Antão e termina da Praça dos Restauradores.

Bibliografia

Andrada / Ericeira (Palácio dos). Espaço e Tempo. Revelar LX. Câmara Municipal de Lisboa.

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