No dia 27 de outubro, a BACS inaugurou a última exposição de 2022, uma homenagem da freguesia a Nuno Teotónio Pereira, por ocasião do seu centenário, intitulada de ‘Arquitecto nº 103’.

Nuno Teotónio Pereira foi uma das personalidades com mais destaque na vida artística, cultural, política e cívica portuguesa no séc. XX. Nascido em Lisboa, em 1922, formou-se em arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa, com nota final de 18 valores. 

Colaborou no atelier de Carlos Ramos e na revista Técnica, onde traduz com Manuel Costa Martins ‘A Carta de Atenas’, um documento sobre os fundamentos do urbanismo moderno.

Em 1949, inscreve-se no Sindicato Nacional dos Arquitetos. É também neste ano que projeta a Igreja Paroquial das Águas, concelho de Penamacor, que se destaca como um primeiro momento na renovação da arquitetura religiosa em Portugal, e que terá o seu apogeu anos mais tarde com o projeto vencedor do concurso para a construção da nova Igreja do Sagrado Coração de Jesus, realizado com o arquiteto Nuno Portas, cuja inovação foi largamente reconhecida com a atribuição do Prémio Valmor e classificação como Monumento Nacional.

Entre 1951 e 1991, o seu atelier na rua da Alegria foi uma incubadora de novos talentos, novas propostas arquitetónicas e novas ideias e conceitos. O ‘Arquitecto nº 103’, sempre gostou de se rodear de gente que quisesse criar, acrescentar e melhorar o que já existia, e ali reuniu artistas de diferentes gerações com quem partilhava ideias, num espaço criado para a discussão teórica, experimentação de métodos e materiais, investigação, num trabalho coletivo orientado pelo arquiteto. 

Paralelamente, à atividade no seu atelier, Nuno Teotónio Pereira trabalha na Federação das Caixas de Previdência – Habitações Económicas, em Lisboa (1948-1960), onde realizou projetos de habitação económica. Esta prática trouxe para o seu atelier marcas de compromisso com o ideal coletivo e serviço público.

Da sua extensa e prolífera criação arquitetónica, destacam-se obras que serão sempre um marco seu na cidade de Lisboa, desde a habitação social a grandiosas construções, merecedoras de Prémios Valmor e outros.

Na exposição ‘Arquitecto nº 103’, número pelo qual estava registado na Câmara Municipal de Lisboa, estão patentes obras icónicas e premiadas, como a Igreja do Sagrado Coração de Jesus e o Edifício ‘Franjinhas’ na Rua Braamcamp, entre outras obras ou projetos menos conhecidos do grande público, como o edifício na Avenida da Liberdade 227 ou o complexo na rua de São Filipe Nery. 

Nuno Teotónio Pereira acreditava que cada um tem de ser fiel a si próprio e que a arquitetura deve contribuir para a beleza do espaço e o bem-estar das pessoas. Assim, empenhou-se em causas sociais, interveio na sociedade e incorporou todas estas dimensões na profissão de arquiteto.