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António Homem, o herdeiro Sonnabend
António Homem é um curador português que aos 48 anos foi adoptado pelo casal Sonnanbend, herdando uma das maiores colecções de arte moderna e pop art do mundo. Nasceu em Lisboa, em 1939, e viveu na Rua Rodrigo da Fonseca toda a juventude. Hoje, inaugura uma exposição, no Museu Arpad Szens- Vieira da Silva, junto ao Jardim das Amoreiras, onde se lembra de brincar na infância.
“Uma exposição sobre a colecção Sonnabend teria sido uma exposição muito vasta. Por isso, está aqui presente o princípio de que era preciso encontrar, no fundo, uma exposição para um espaço mais íntimo e um tema para isso. Eu propus fazer uma exposição sobre os primeiros cinco anos da Galeria em Paris, porque a ideia seria dar a impressão de que se viveu esse choque, da descoberta destes artistas [da pop art] na Europa. Isto há 53 anos.” Mas há 53 anos António Homem mal imaginava que abandonaria tudo para se dedicar à arte. Aos 17 anos, foi estudar Engenharia para Zurique por insistência do pai. Desde sempre apaixonado pela arte, sentia que estava a viver uma vida que não a sua. Mas aquele revelar-se-ia um período de preciosa aprendizagem. “Por muitos anos, pensei que era uma espécie de parte da minha vida que era perdida, porque estava a fazer coisas que não me interessavam. Mas era um erro meu, foi uma parte muito importante. Fiz mal o que devia estar lá a fazer, ou não fiz mesmo nada com os meus estudos, mas encontrei muito do que me interessava." Durante esse tempo em que viveu em Zurique, teve a oportunidade de explorar galerias de arte moderna e as novas tendências da pintura, que dificilmente chegavam a Portugal. Fez amigos com interesses próximos e acabou por conhecer Bruno Bioschofberger, que tinha uma galeria na sua rua. "Quando parti para Paris, já sabia claramente o que queria fazer. Curiosamente durante aqueles anos, eu fiz como amador o meu trabalho de galeria de mais tarde. O que nem sequer me rendia conta. Para mim não era um trabalho, era uma espécie de distração e de fuga das realidades da minha outra vida.” Em 1968, foi trabalhar com Michel e Ileana Sonnabend na Galeria de Paris. Participou na fundação do mesmo espaço em Nova Iorque, em 1970 e na inauguração da Galeria Soho, um ano depois.Trabalhou com grandes nomes da pintura, como Andy Warhol, Roy Lichtenstein e Jasper Johns. A viver em Nova Iorque desde 1989, dirigiu a Galeria Sonnabend, juntamente com Ileana até à morte da mesma, em 2007, altura em que herdou parte da colecção e da Galeria, que agora dirige. Aos 75 anos, António Homem regressa ao país e à Freguesia onde nasceu para mostrar obras da Galeria que, entre 1962 e 1967, serviu de consulado da pop art na Europa. A exposição Sonnabend | Paris – New York inaugura esta quinta-feira, 5 de Fevereiro, pelas 18h30, e está aberta ao público até 3 de Maio, no Museu Arpad Szenes-Vieira da Silva.