Freguesia assinala Dia Internacional da Mulher

Freguesia assinala Dia Internacional da Mulher

A Freguesia de Santo António assinalou o Dia Internacional da Mulher com um passeio pelas ruas da freguesia em que se distribuiu flores e uma lembrança a todas as mulheres. Uma flor numa mão e um espelho na outra, onde se lia “Obrigada”: eram as lembranças que o Presidente da Freguesia de Santo António tinha para entregar às mulheres que com ele se cruzaram pelas ruas de Santo António. “É uma forma simples, mas muito direta e sentida de assinalar um dia que, infelizmente, ainda tem de ser assinalado: por todas as diferenças mundiais que existem quando

se fala do ser “mulher””. Para o Vasco Morgado, a mensagem “Obrigado pode parecer muito pouco, à primeira vista”, mas reveste-se “de um significado enorme de reconhecimento e gratidão pelo papel que a mulher assume na sociedade, na vida familiar e no trabalho – um papel que em muitos casos ainda não é reconhecido nem valorizado”. Júlia foi uma das jovens que recebeu da mão do Presidente da Freguesia as lembranças. “Para mim, faz sentido ainda termos de assinalar este dia”. E as razões são rapidamente elencadas e na primeira pessoa: “já fui vítima de discriminação em meio laboral e porque continuamos a trabalhar tanto ou mais que os homens e termos diferenças salariais na ordem dos 25%”. Recuamos na História. Ao observar a causa nuclear que despoletou este movimento, hoje internacional, do Dia da Mulher, percebemos que as reclamações ainda permanecem muito próximas: o primeiro Dia da Mulher foi celebrado em 1908, nos Estados Unidos, e as motivações basilares eram as idênticas às dos dias de hoje: organizações femininas oriundas de movimentos operários protestavam, em vários países da Europa e nos Estados Unidos, contra as jornadas de trabalho (acima das 15 horas diárias) e os salários medíocres praticados. A par disto, outros dados alarmantes corroboram a necessidade de as Mulheres terem um dia para a sociedade se lembrar que ainda não há equidade e igualdade no seu tratamento:

  • 30 mulheres foram assassinadas pelos companheiros em 2016
  • em Portugal, os homens ganham dois salários a mais que as mulheres por funções iguais e ainda dominam os lugares de topo
  • as mulheres trabalham, por semana, mais horas que os homens, incluindo trabalho doméstico
  • a nível mundial, milhões de mulheres e crianças são traficadas anualmente para escravatura e exploração sexual
  • a mutilação genital feminina atinge milhões de mulheres, muitas com cinco anos apenas
  • em países da Ásia, obrigam mães a abortar quando o bebé é uma menina
  • entre 2012 e 2022, mais de 100 milhões de meninas serão obrigadas a casamento forçado em países asiáticos e da África subsariana

Ainda assim, há quem garanta “as coisas estão muito diferentes”. Quem o diz, do alto da sabedoria dos 83 anos, é outra Júlia (de Sousa) que se cruzou com Vasco Morgado e recebeu com um sorriso rasgado a flor. “Antigamente a forma como viam a mulher, era bem diferente! Tanto que acho que nem me lembro de se fazerem estas coisas e se falar neste dia”, confessa. Decretado pelas Nações Unidas, em 1977, o Dia Internacional da Mulher é, sobretudo, um dia de reflexão e de elencar objetivos. Até 2030, a organização mundial presidida por António Guterres, pretende:

- assegurar que todas as meninas (e meninos) completem a educação primária e secundária de forma gratuita, equitativa e de qualidade, conduzindo a resultados de aprendizagem relevantes;

- garantir que todas as meninas (e meninos) tenham acesso a cuidados e educação pré-escolar de qualidade que os torne aptos para o ensino primário;

- acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres (independentemente da idade) em todos os lugares;


- eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres (e meninas) nas esferas pública e privada, bem como todo o tipo de exploração, incluindo o tráfico e exploração sexual;

- eliminar todas as práticas prejudiciais, tais como o casamento precoce e forçado e a mutilação genital feminina.